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ABC realiza plenária de base contra as reformas


3 de janeiro de 2009

A partir da proposta do Espaço Socialista e apesar da resistência inicial de algumas correntes, terminou havendo acordo no sentido de se convocar no ABC uma plenária contra as reformas e o governo Lula. Esta Plenária realizou-se em 3 de junho. Assinaram a lista mais de 130 pessoas, representando 27 organizações políticas e entidades do movimento social, estavam presentes praticamente todas as forças de oposição ao governo Lula que atuam na região.

A importância dessa plenária está no fato de que a região é um dos “berços” da CUT e do PT, e que os trabalhadores da região ainda têm ilusões em Lula e nos dirigentes sindicais cutistas, se bem que estão cada vez mais desgastados em fábricas importantes como a VW.

Outra questão é que a realização de plenárias nas regiões é um caminho para dar seqüência às resoluções do Encontro Nacional do dia 25 de março, organizando a luta pela base e envolvendo o maior número possível de trabalhadores e ativistas. Se essa experiência se realizasse pelo país afora, certamente poderíamos reunir milhares de trabalhadores, discutindo medidas e ações concretas contra as reformas. Essa tarefa cabe à CONLUTAS e à INTERSINDICAL, como correntes nacionais que devem impulsionar sua realização e organizar os trabalhadores, pela base, contra o governo, as reformas e sua política econômica.

A realização dessa plenária, com tamanha diversidade de posições políticas, só pode ser explicada pela pressão objetiva que existe entre os trabalhadores e os ativistas pela unidade da esquerda, representando um sentimento de que: ou lutamos juntos ou corremos o risco de sermos todos derrotados. Sem dúvida que a sua realização foi uma vitória importante, ainda que tenhamos que seguir construindo essa unidade.

Em relação às decisões do encontro, também acreditamos que foram positivas, pois tendo como base o acordo político e o consenso entre as correntes, os eixos aprovados refletem que o peso político da plenária era de esquerda e de oposição ao governo Lula e aos prefeitos da região, que também dão sustentação à governabilidade.

Os principais eixos aprovados e que servirão de base para a elaboração do panfleto são os seguintes: contra as reformas, vinculando a denúncia destas no papel do capitalismo; oposição ao governo Lula; denúncia do papel do PT e da CUT, que se colocaram contra as lutas e a favor do governo e dos patrões; contra a criminalização dos movimentos sociais; contra a redução da maioridade penal; apoio às lutas que estão em curso (professores e estudantes das universidades paulistas, CSN, Ibama, etc.); e também apresentando reivindicações das mulheres, da juventude e dos trabalhadores/as negr@s.

Esses eixos políticos, ao nosso modo de ver, nos permite ir ao encontro dos trabalhadores e disputarmos sua consciência para a luta contra as reformas.

Outra resolução fundamental foi a construção de atividades nas fábricas da região, nas escolas e faculdades, e nos centros das cidades de São Bernardo e Santo André, com distribuição de material explicando para os trabalhadores o verdadeiro conteúdo ideológico das medidas do governo.

 

QUANDO O DEBATE PODE AJUDAR E QUANDO PODE ATRAPALHAR

Para nós do Espaço Socialista, a luta pela unidade da esquerda ocupa um papel central na nossa política, mas temos ciência das dificuldades de construí-la, tanto pelo estágio ainda inicial do ressurgimento das lutas de massas, que imponha a unidade sobre as organizações, como pela própria trajetória da esquerda, que tem concentrado suas forças numa disputa pelo controle do movimento sem levar em conta as necessidades da luta e dos trabalhadores.

Temos a plena convicção de que a unidade não é fácil, mas também temos a plena convicção de que ela é fundamental, e é por isso que jogamos todas as nossas forças para essa construção e, como é natural, temos aberto mão de várias de nossas propostas para viabilizar esta unidade.

Unidade não é uma imposição do programa de uma organização sobre as demais, pelo contrário, é a busca de um programa comum entre todos, ou seja, na prática é um programa mínimo que unifica a todos e na qual todos têm que abrir mão de alguma coisa. Não alegra a todos, mas também não entristece a todos. Atitudes proclamatórias em nada contribuem.

Remarcamos a vitória dessa plenária, até porque durante os debates não foram poucas as vezes em que a unidade esteve em risco porque algumas organizações insistiam em querer impor suas posições até mesmo realizando discussões que não cabiam naquele espaço, como o balanço da greve de professores de SP, pois são discussões específicas, ou seja, já se colocam discussões que de antemão sabem que não terá acordo. Por outro lado, também havia aqueles que queriam condicionar sua presença ao fato da plenária adotar a sua formulação.

Situações como essas são totalmente improdutivas, pois mesmo que se chegue ao absurdo (naquele momento) de realizar a votação, a polêmica não acaba ali, pois é a realidade da luta de classes que vai demonstrar para qual lado os fatos vão pender.

O debate entre as organizações de esquerda é fundamental para a formação política e teórica dos militantes, inclusive como forma de buscar sínteses teóricas e programáticas. Mas esse debate deve ter uma finalidade, um objetivo, que é ajudar os trabalhadores a desenvolverem a sua consciência e construírem um projeto socialista. Sem esse objetivo, o debate torna-se estéril, acadêmico e de interesse escolástico e é nessa situação que muitas vezes as polêmicas entre as organizações de esquerda caem.

 

CONLUTAS E INTERSINDICAL DEVEM IMPULSIONAR PLENÁRIAS DE BASE

A experiência do ABC mostra que é possível construir um amplo movimento pela base para lutar contra as reformas e contra o governo Lula. Já afirmamos que o encontro do dia 25 de março foi um marco importante nessa luta, mas ele não armou o conjunto dos militantes para a construção de comitês, fóruns e plenárias de base que pudessem reunir os trabalhadores que estão contra as reformas.

Em cidades em que o peso da CUT (metalúrgicos do ABC, bancários, etc) e da Força Sindical (metalúrgicos de SP, por exemplo) é muito forte, iniciativas como essas podem romper o cerco a que os trabalhadores estão submetidos. É perfeitamente possível que nas maiores cidades do país reúnam entre 15 ou 20 mil trabalhadores ao todo para discutir como organizar essa luta. Fortaleceria ou não a luta contra as reformas e o governo Lula?

Então, cabe tanto à CONLUTAS como à INTERSINDICAL, como organizações presentes em quase todo o país, impulsionar esse processo, pois, se perdermos essa oportunidade, a história cobrará um preço caro pela omissão.