Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

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25 de abril de 2010

DECLARAÇÃO DO ESPAÇO SOCIALISTA

 

SOLIDARIEDADE REAL AO POVO HAITIANO E NÃO À OCUPAÇÃO !!!

     Apesar do terremoto que atingiu o Haiti ter sido um acontecimento da natureza, a gravidade das suas consequências é resultado da situação de miséria que assola a grande maioria de sua população. A dificuldade diária de se conseguir alimento e água, a precariedade das construções, a falta de uma rede de serviços sociais, são problemas que agravam muito o que já seria trágico, aumentando assim as dimensões da catástrofe. Terremotos com a mesma intensidade ocorreram em outros países –como o Japão –, sem que o impacto fosse tão devastador. Da mesma forma, no Brasil, a imprensa atribui a causa das enchentes e deslizamentos ao excesso das chuvas. Com isso tentam encobrir o fato de que é a lógica capitalista que gera as condições precárias de moradia nas periferias e que os governos priorizam obras em favor dos empresários ao invés de outras que permitam melhores condições de escoamento da água nos bairros populares. A mesma quantidade de chuva cai no Morumbi e nos Jardins, mas não ouvimos falar de enchentes nos bairros onde mora a burguesia… No caso do Haiti, com seus 9 milhões de habitantes, trata-se do país mais pobre do hemisfério ocidental – 146º lugar entre 177 países avaliados pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) –, onde mais da metade da população vive com menos de 1 dólar por dia, e cerca de 78% com menos de 2 dólares. A taxa de mortalidade infantil é altíssima: 60 em cada 1.000 nascimentos. Essa miséria não é natural, é a conseqüência das sucessivas ocupações e colonização das potências imperialistas sobre o país.
  

O TERREMOTO É NATURAL, MAS AS CONSEQÜÊNCIAS NÃO SÃO

      A miséria do Haiti não é um produto do acaso, e muito menos uma vocação desse povo. Ao contrário, o povo negro do Haiti protagonizou lutas gloriosas contra inimigos muito mais fortes. Prova disso, é que ele foi o primeiro país das Américas a se tornar livre, na Revolução liderada pelos “Jacobinos Negros”: “Em 1803, a bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. Mas a terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. Ninguém comprava do Haiti, ninguém vendia, ninguém reconhecia a nova nação…” Fruto de seu isolamento e do pouco desenvolvimento de suas forças produtivas “…o Haiti acabou caindo nas mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indenização gigantesca, a modo de perda por haver cometido o delito da dignidade.”(Eduardo Galeano – Os pecados do Haiti, em www.resistir.info.net). De lá para cá, o povo haitiano novamente esteve submetido ao saque e à dominação dos países imperialistas. Em 1915 foram os EUA que invadiram o país, governando-o até 1934, e só saindo após conseguir cobrar as dívidas do Haiti com o Citibank e modificar o artigo constitucional que proibia a venda de terras a estrangeiros. Desde então, a Casa Branca exerce uma espécie de protetorado no país. Portanto, essas potências mantiveram o Haiti como seu fornecedor barato de matérias-primas como açúcar, banana, manga, milho, batata-doce, legumes, tubérculos e outros mais. Hoje, aliado ao peso majoritário da agricultura, surgiu um setor de produção voltado para a exportação e que superexplora os trabalhadores.
 

ONU, EUA E BRASIL NO HAITI: ARMAS E REPRESSÃO PARA MANTER O POVO HAITIANO NA MISÉRIA

 
     Recentemente, em 2004, o Brasil passou a comandar a Minustah (missão de ocupação da ONU). Desde então, sempre que há revoltas ou manifestações contra a miséria e os baixos salários, entram em ação as “Tropas de Paz” para reprimir duramente. O argumento da reconstrução da institucionalidade do país não se sustenta. Os problemas sociais não foram resolvidos e, ao contrário, agravaram-se. Em janeiro de 2006, o general Urano Teixeira Bacellar, que estava no comando da Minustah há poucos meses – desde setembro de 2005 -, se suicidou após ter alertado que os problemas no Haiti não demandavam tropas e sim justiça social. Atualmente, a liderança do Brasil na Minustah também serve de treinamento para os militares brasileiros conterem rebeliões nas favelas brasileiras, que tendem a se agravar à medida em que o capital exclui de cada vez mais pessoas dos direitos mínimos a uma vida digna. Uma simples comparação de valores expõe o descaso da ONU e dos países dominantes diante da situação do Haiti: desde a irrupção da crise econômica, os governos destinaram para as grandes empresas e o sistema financeiro mais de US$ 15 trilhões (http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/02/11), enquanto que para socorrer as vítimas do Haiti, a ONU pediu aos países membros US$ 562 milhões, um valor absolutamente irrisório diante da magnitude da catástrofe. Mesmo assim, até agora só foram enviados US$ 207 milhões, 36,1% do prometido. Neste valor ainda estão incluídos os gastos militares, como deslocamento, manutenção das tropas etc. Já o governo Lula dedicou aos empresários o equivalente a R$ 475 bilhões desde quando eclodiu a crise no Brasil (http://economia.uol.com.br/ultnot/bbc/2009/04/03/ult2283u1708.jhtm). Mas para a ajuda humanitária ao Haiti – excluindo-se a manutenção das tropas -, até agora foram enviados apenas R$ 15 milhões. Por outro lado, a manutenção das tropas no Haiti já tem um custo de mais de R$ 703 milhões desde 2004, segundo dados do Ministério da Defesa (www.agenciabrasil.gov.br). Isto é mais de 120 vezes a ajuda humanitária até agora destinada ao Haiti pelo governo brasileiro. E agora, como se não bastasse, Lula propôs e o Congresso aprovou o envio de até mais 1.300 militares, duplicando o efetivo atual no país.
 
 

ESTADOS UNIDOS, MAIS UMA VEZ, MOSTRA A SUA CARA

 
     Os EUAse aproveitam para, de fato, ocupar o país com cerca de 20 mil soldados – o dobro do efetivo total da ONU –, assumindo o comando do espaço aéreo, portos e estradas do país caribenho.( ww1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u683605.shtml) .Assim, ao todo são 30 mil militares em um país de apenas 9 milhões de habitantes! Ao contrário do que é dito pela ONU, EUA, Lula, e a grande mídia, as tropas não têm função humanitária, nem de reconstrução, mas sim de manter os trabalhadores haitianos numa situação de submissão, recebendo salários miseráveis e assumindo jornadas subumanas de trabalho para as empresas prestadoras de serviços de grandes transnacionais. Os principais argumentos dos que defendem a manutenção e o envio de mais soldados para o Haiti são os mesmos dos que sempre defenderam a ocupação e submissão do país: argumentam que a população trabalhadora não é capaz de se organizar e de coordenar a ajuda internacional e reconstruir sua economia. Mas a história deste povo mostra o contrário, como vimos acima. Além disso, a realidade também mostra que a população haitiana possui uma rede de organizações de base como sindicatos, organizações populares, estudantis e de bairros. São essas organizações que de fato estão fazendo de tudo para manter um mínimo de serviços essenciais como alimentação, saúde e segurança. O verdadeiro receio dos EUA e da ONU é justamente de que essa população – cuja imensa maioria é de trabalhadores e pobres – venha a assumir o controle do seu destino, em outras palavras, que seja deflagrada uma rebelião social ou um processo revolucionário, com impacto em toda a América. Além de tentarem prevenir um possível processo insurrecional no Haiti, os EUA aproveitam para buscar reforçar seu controle militar na região e impor limites ao papel que o Brasil vem tentando ocupar no terreno internacional. As bases militares na Colômbia e a reativação da Quarta Frota, encarregada de patrulhar o Atlântico Sul, também fazem parte dessa estratégia. As metralhadoras e baionetas no peito dos soldados mostram o verdadeiro objetivo das forças militares do Brasil, dos Estados Unidos e da ONU.
 

É PRECISO SOLIDARIEDADE REAL E NÃO OCUPAÇÃO MILITAR!

 
     Defendemos uma campanha internacional de solidariedade aos trabalhadores do Haiti. Mas a solidariedade que defendemos é a solidariedade a serviço da luta e não se confunde com o assistencialismo propagado pelos governos e a mídia burguesa. A ONU, Lula, e os EUA têm a intenção de usar a “ajuda humanitária” para com isso levar as pessoas à passividade e a aceitarem a ocupação no Haiti. Já a nossa solidariedade deve ter um conteúdo diametralmente oposto. Deve estar a serviço da luta pela retirada das tropas e para que os governos responsáveis pela tragédia social do Haiti venham a ressarcir a dívida que têm com aquele país. Em primeiro lugar, temos que denunciar e exigir a imediata retirada de todas as Tropas de Ocupação e que o dinheiro desperdiçado para manter essas tropas seja direcionado para a ajuda humanitária e a reconstrução do país! Também é preciso exigir ajuda internacional compatível ao tamanho da catástrofe e não apenas as migalhas doadas até agora e sem nenhuma garantia de que chegarão, pois os governos burgueses fazem demagogia até com a vida das pessoas. A cobrança deve ser maior para as potências que sempre exploraram a economia haitiana, como EUA, França e Inglaterra. Além disso, é preciso que toda a ajuda recolhida seja entregue às organizações de luta dos trabalhadores e estudantes do Haiti, e não nas mãos da ONU, dos EUA ou das tropas brasileiras, que usam o mote da ajuda humanitária para disfarçar e legitimar a ocupação. Só as organizações de luta dos trabalhadores podem garantir que os recursos arrecadados sejam usados para reconstruir a luta contra a ocupação, a exploração e a dominação do seu país, na perspectiva socialista, de um governo dos trabalhadores no Haiti.
 

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema.
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema
o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: "não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
(Ferreira Gullar)
 
 

  

Nota do Espaço Socialista sobre o golpe militar em Honduras

Abaixo o golpe militar em Honduras!
Ampliar a mobilização para derrotar os golpistas!
Solidariedade ao proletariado hondurenho!

Dia 29 de Junho ocorreu mais um golpe militar na América Latina. Desta vez contra o governo de Manuel Zelaya, presidente de Honduras. Os agentes são os mesmos: a direita burguesa que controla as instituições do Estado burguês: o legislativo, o judiciário e as forças armadas.
O principal motivo que deu causa ao golpe é o ódio da burguesia contra  o direito do povo decidir até mesmo um aspecto mínimo e limitado de seu destino. O governo, contra a vontade dos principais setores da burguesia  e seus agentes nas instituições do Estado hondurenho,  estava realizando uma consulta à população sobre a possibilidade de colocar mais uma pergunta (a chamada 4ª urna) no referendo de novembro tratando de uma reforma constitucional. Ou seja, uma pergunta que não afeta nenhuma relação de poder ou a propriedade privada no país.
A argumentação dos golpistas não poderia ser mais cínica. Dizem defender a democracia! Na verdade temiam que caso fosse aprovada a mudança da Constituição (que também passaria por Referendo) haveria a possibilidade da reeleição de Zelaya.
No entanto, não se deve esquecer que na Colômbia cujo governo Uribe -de direita e pró imperialista- aprovou o direito à reeleição em um Congresso corrupto, sem qualquer consulta popular, não houve nenhuma reação violenta por parte da burguesia colombiana e nem do imperialismo. Ou seja, dois pesos e duas medidas. 
 

Leia o restante do boletim aqui.
 

 

Todo apoio à luta dos trabalhadores da USP!

06/2009

     Desde o dia 5 de maio os servidores técnico-administrativos da USP, categoria que reúne 15 mil trabalhadores, estão em greve. A greve faz parte da campanha salarial da categoria, que reivindica um reajuste de 17% referente a perdas acumuladas, mas que inclui outros itens como a defesa da universidade pública e da livre organização dos trabalhadores. Todas as reivindicações são para garantir uma educação pública de qualidade PARA TODA A POPULAÇÃO:

• Fim da UNIVESP (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), projeto de educação à distância com o conteúdo sendo transmitido via internet, que terá como consequências o rebaixamento da qualidade do ensino. O projeto também ataca a carreira dos professores da Universidade, pois desobriga o Estado de contratar professores na quantidade necessária para prover um ensino de qualidade.
• Aumento das verbas destinadas à manutenção da Universidade: ( 33% da receita total de impostos, incluindo 11,6% do ICMS para as universidades estaduais e 2,1% do ICMS para o Centro Paula Souza). Os governos estadual e federal têm reduzido as verbas destinadas à educação, para desviar o dinheiro público para as grandes empresas atingidas pela crise mundial.
• Fim da tentativa da reitoria da USP de demitir cerca de 5 mil funcionários (um terço do total), obrigando-os a prestar novo concurso, sob ameaça de demissão. Muitos dos servidores ameaçados já estão na Universidade há mais de vinte anos.
• Fim dos processos judiciais e multas contra o Sintusp e o DCE (Diretório Central dos Estudantes), readmissão de Claudionor Brandão e fim dos 50 processos administrativos e sindicâncias contra servidores e alunos. Essas medidas repressivas são uma represália ao movimento de 2007, que reverteu os projetos que retiravam a autonomia financeira e administrativa da Universidade.

Leia o boletim na íntegra, clicando aqui.
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  Novos textos de formação

Na seção Formação teórica, foram adicionados novos textos de formação sobre dialética e marxismo em geral. São eles:
 
Para verificar outros textos, basta visitar a página Formação teórica.

 


 

     Apresentamos o jornal nº 30 do Espaço Socialista. Essa edição dedica-se essencialmente às questões colocadas pela situação política nacional e internacional, marcada pela crise econômica global que envolve o sistema  capitalista.
Nesse momento temos insistido na necessidade de que os trabalhadores se coloquem como alternativa política e ideológica de reorganização da vida social, única garantia de mantermos os nossos direitos. Historicamente, as crises capitalistas tem resultado em mais miséria para a humanidade e isso decorre da lógica desse sistema, na qual a destruição das forças produtivas (leia-se guerra) é uma condição para a recuperação da economia. Ou seja, é preciso matar milhões de seres humanos para que haja uma recuperação da economia capitalista.  Por isso defendemos o socialismo como o único sistema capaz de construir um mundo sem crises e sem destruição. E o socialismo só pode ser construído por meio da mobilização revolucionária da classe trabalhadora, com um programa também revolucionário.
Por fim, a ação dos revolucionários deve "extrapolar" o economicismo, com uma luta ideológica que consiga abranger a totalidade da vida social. Essa é a razão de sempre publicarmos textos que reflitam a posição dos marxistas sobre outras esferas da vida. Nessa edição há o artigo dedicado à reflexão sobre o evolucionismo e o criacionismo. 
Baixe também o jornal em PDF clicando aqui (776 kB).
 
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