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Fundação Santo André: chapa de esquerda, formada em convenção democrática, vence eleições do D.A.


12 de maio de 2010

O início do mês de Junho na Fundação Santo André foi marcado pelo processo eleitoral para o Diretório Acadêmico da FAFIL. A primeira especificidade destas eleições reside no fato de terem se formado quatro chapas para concorrer às eleições, diferentemente do processo ocorrido no ano passado, quando formou-se um “chapão” baseado em um programa e experiência do movimento de que saímos em 2008. Apesar de os membros da chapa estarem de acordo com as reivindicações da greve e que foi fundamental para unir todos os setores de esquerda em uma única chapa de luta, o processo cotidiano da gestão da entidade foi muito complicado, pois vários militantes sequer cumpriam com as tarefas votadas.

A falta de uma séria discussão desse programa não só com os militantes organizados mas também com a base dos estudantes, a falta de acordo entre os membros da chapa com alguns princípios que amarrassem minimamente a atuação no mesmo sentido culminou em um DA esvaziado, ao qual a maioria dos estudantes e membros da própria chapa não se identificavam e não tinham com ele nenhum compromisso.

Ao final da gestão, as reuniões contavam com poucos participantes, todos militantes organizados ou que possuíam alguma ligação com a militância organizada presentes. A formação do “chapão” terminou por resultar em um órgão que não tinha força para sequer tocar as tarefas mínimas e que contou com sérios problemas na relação partido- movimento por parte dos militantes do PSTU. Se por um lado, não negamos, têm o mérito de não terem abandonado a gestão como muitos fizeram, por outro, tentavam usar o Diretório na maioria das vezes exclusivamente para implementar suas políticas nacionais, valendo-se de graves problemas de método e uma grande falta de discernimento do seu papel na construção do movimento.

Gastou-se muito tempo e energia dos poucos resistentes que ainda participavam das cansativas reuniões finais da última gestão do DA com discussões externas à FSA, que devem e precisam ser feitas, mas não devem se sobrepor mecanicamente às demandas dos estudantes da FSA.

A construção do processo democrático

Diante da caracterização da atuação do DA no último período, este ano decidimos impulsionar a realização de uma Convenção de estudantes da FSA, aberta e democrática, que garantisse um amplo debate para a construção de um programa mínimo e de uma chapa que o representasse. Assim nascia a UNIDADE PELA LUTA.

Uma intensa mobilização se armou. Todas as salas da FAFIL foram convidadas, e após várias reuniões preparatórias, realizamos em 20/05 a CONVENÇÃO, contando com mais de 50 alunos, dos 11 cursos da FAFIL. Esse número de alunos pode parecer pequeno no universo de 2.500 alunos da FAFIL, mas, é um avanço diante do quadro de desmobilização no qual o Movimento Estudantil da FSA se encontra.

Outro fato que merece destaque é que o processo de Convenção garantiu a discussão e constituição de um programa próprio dos estudantes da FSA. Mesmo com algumas lacunas que podem ser apontadas no mesmo, ele está longe de ser aqueles programas exógenos, concebidos longe da FSA e que são oferecidos aos estudantes da FAFIL como um contrato de adesão: aceita ou aceita. Em sua simplicidade, o programa resultante da Convenção queria dizer: sim, nós podemos fazer algo por nossa própria autonomia. E no ano que vem será ainda melhor.

Sobre um processo de sucessão para o DA com 4 chapas, achamos que foi positivo para conhecermos as forças políticas em atuação (ou não) dentro da FAFIL. Dessas chapas, três eram formadas por militantes e ativistas de esquerda e uma, que embora tivesse alguns participantes que participaram das mobilizações de 2007- 2008, agora se apoiavam num discurso de “garantir as aulas”, numa negação daquele processo que foi o estopim da queda do reitor corrupto.

Outro fato bastante negativo é do que são capazes algumas correntes políticas de esquerda quando perceberam o risco de saírem derrotadas do processo, utilizando de expedientes de difamação e boataria, e até o famoso “pão e circo”, quando se ofertou um Telão para assistir ao jogo “Corinthians x Vasco”, como cortesia de uma certa chapa. Ou seja, vimos “mais do mesmo”, repetição das usuais práticas da direita.

A UNIDADE PELA LUTA foi eleita dentro da concepção de um D.A. executivo, que coloca em prática o que é discutido e aprovado nas esferas de decisão dos estudantes (Assembléia Geral, Assembléias de Curso, Conselho de Representantes de Classe, e reuniões deliberativas convocadas para decidir algum tema específico).

Por isso, dentro dessa concepção de DA horizontal, que garanta voz e voto para todo aluno da FAFIL, conclamamos as demais chapas, correntes políticas, e independentes, a ajudar a construir um DA forte, que dê vez e voz aos estudantes da FAFIL. O único risco – se houver – é aprovar e implementar a vontade dos estudantes presentes na reunião.

Caracterizamos o próximo período como de ataques contra os estudantes, em particular aos estudantes trabalhadores (inadimplência, tentativa de aumento das mensalidades, fechamento de salas, sucateamento dos laboratórios e bibliotecas, entre outras ações) vindo de todas as frentes (da Reitoria da CUFSA, da prefeitura e dos governos estadual e federal). Por isso, mais do que nunca, faz- se necessária a UNIDADE de ação no DA, uma vez que a unidade não foi possível nas eleições.

Esse apelo é feito a todos, especialmente àqueles que já se anunciaram como oposição. Fazer oposição ao DA no próximo período – horizontal e aberto como pretendemos – é colocar-se em oposição aos estudantes da FAFIL.