Desde março de 2019 o Espaço Socialista e o Movimento de Organização Socialista se fundiram em uma só organização, a Emancipação Socialista. Não deixe de ler o nosso Manifesto!

ABAIXO O GOLPE NO PARAGUAI!

 

POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES

SURGIDO E APOIADO EM SUAS ORGANIZAÇÕES DE LUTA!

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            Na última sexta-feira, 22 de junho, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi deposto por um golpe parlamentar. Foi montado um processo de impeachment “relâmpago”, com a acusação de que Lugo não reprimiu os movimentos de trabalhadores como deveria. Em menos de 48 horas instaurou-se o processo e emitiu-se a sentença. O senado paraguaio é controlado pelo partido colorado, que governou o país de 1946 a 2008, inclusive durante a ditadura de Stroessner (1954 – 1989). Foi empossado o vice-presidente, Federico Franco, do partido liberal, que havia rompido com a coalizão governista pouco antes.

            Fernando Lugo é um bispo católico (licenciado pela igreja) que foi eleito em 2008 com o apoio dos movimentos de trabalhadores, camponeses, sem-terra, povos originários, movimentos sociais em geral, em uma frente ampla que incluía partidos burgueses dissidentes da hegemonia colorada. Lugo foi uma espécie de representante tardio da onda do nacionalismo burguês reciclado que tomou conta da América Latina no início da década passada, tendo em Chávez e Evo Morales os seus principais integrantes.

            Esses governos surgem com a promessa de mudar as políticas neoliberais que entregavam as riquezas naturais ao imperialismo e levavam a um grande empobrecimento da população. Na verdade, esses governos acabaram desviando para as instituições da democracia burguesa as massivas lutas populares que agitavam o continente contra aquelas políticas, impedindo que se chocassem com os interesses capitalistas, a propriedade privada, as burguesias locais e a dominação imperialista. Com variações de país para país, tais governos sustentam-se eleitoralmente por meio de políticas assistenciais e retórica nacionalista e popular, ao mesmo tempo em que desmobilizam e reprimem as lutas mais avançadas.

            No Paraguai o governo Lugo não  fez nada para mudar a dramática situação social do país, um dos mais pobres do continente, que tem 80% das terras férteis concentradas nas mãos de 2% da população, que tem 39% dessa população vivendo abaixo da linha de pobreza e 19% em pobreza extrema (dados do site Opera Mundi, 22/06/2012). Uma das principais bandeiras da campanha que elegeu Lugo, a renegociação do tratado de Itaipu com o Brasil (assinado quando os dois países eram governados por ditaduras, portanto ilegítimo), não avançou, e o país guarani continua sendo lesado ao receber uma fatia desproporcionalmente pequena da renda gerada pela energia da usina. A reforma agrária não avançou, nem sequer com indenização, pois no atual contexto de crise os governos andam com verbas curtas.

            O governo Lugo não satisfez as reivindicações populares, e ao mesmo tempo não agradou a burguesia por não reprimir as lutas. Os trabalhadores paraguaios não esperaram pelo governo que ajudaram a eleger e foram à luta. O estopim para o processo de impeachment foi o conflito ocorrido uma semana antes, em 15 de junho, nas terras griladas pelo ex-senador colorado Blas Riquelme (recompensa pelos serviços prestados à ditadura de Stroessner), um dos burgueses mais ricos do país, em Curuguaty, departamento de Canindeyú, próximo a fronteira com o Brasil. Camponeses sem terra ocuparam a fazenda e opuseram resistência armada à operação de desocupação, que resultou em 11 camponeses mortos (segundo os números oficiais), além de dezenas de desaparecidos, hospitalizados e presos.

            Mas o que houve de inaceitável para a burguesia foi a morte de 7 agentes da repressão no conflito. Soou o alarme de perigo para os latifundiários paraguaios, pois a auto-defesa popular é inaceitável para a classe dominante. O incidente provocou a queda do ministro do interior e do chefe da polícia, que foram incapazes de prever a resistência armada. A partir desse conflito, montou-se um operativo golpista no parlamento, que inclusive lançou mão de boatos de um movimento guerrilheiro entre os camponeses. O caráter sumário do processo e a condenação antecipada do réu estão escancarados no texto assinado pelo presidente do senado, divulgado em vários sites: "Caso se reúna o número de votos requeridos pela Constituição Nacional para tal efeito, o acusado será declarado culpado e afastado de seu cargo. Em caso de ele ter cometido delitos, as acusações serão repassadas à Justiça comum. Caso contrário, o caso será arquivado"(http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/documento-antecipa-a-condenacao-de-lugo-diz-defesa).

            Apesar do caráter ilegal do impeachment, o presidente já anunciou que vai respeitar a decisão do senado, por mais que tenha violentado as mais elementares regras do processo judicial, o direito de defesa, etc., demonstrando o quanto a confiança na democracia burguesa leva a um beco sem saída. A “resistência” de Lugo será feita pelas vias institucionais, onde a classe dominante têm o controle, ou seja, será apenas protocolar. Formou-se uma Frente de Defesa da Democracia (FDD) composta por seus apoiadores, que denuncia o golpe e chama o povo a resistir, mas dentro dos marcos das instituições.

            O caso paraguaio tem grandes semelhanças com o golpe que derrubou Manuel Zelaya em Honduras, em 2009. Naquela ocasião o presidente deposto também apresentou uma resistência protocolar, que não impediu que o governo golpista encenasse eleições ilegais, cujo resultado foi reconhecido por Zelaya. A resistência popular foi gradualmente desmobilizada pela negativa de seus dirigentes em ir além das instituições da democracia burguesa. O povo paraguaio precisa lutar para evitar o mesmo desfecho. O objetivo do golpe é evidente, lançar uma escalada de repressão contra os camponeses e trabalhadores. A vítima do golpe não é Lugo, mas os trabalhadores e o povo paraguaio.

            No plano internacional, a Unasul e os governos sul-americanos não são capazes de emitir uma decisão unificada de condenação ao golpe, apesar das bravatas de Chávez. Isso porque há um importante setor de latifundiários brasileiros no Paraguai (os chamados “brasiguaios”), uma fração internacionalizada do todo-poderoso agronegócio brasileiro, que apóiam o golpe e já pressionam a presidente Dilma a reconhecer o governo golpista de Federico Franco.

            Não temos dúvida de que esse golpe é um ataque contra a organização dos trabalhadores e camponeses paraguaios. O golpe só pode ser derrotado pela mobilização e organização independente dos trabalhadores. A luta não pode ser para reempossar Lugo, um governo fraco e conivente com a repressão e as manobras da direita, mas para ir além e avançar nas reivindicações dos trabalhadores. Só a mobilização popular pode derrotar o golpe!

            – Por uma grande Jornada de Lutas para derrotar o Golpe!

            – Dissolução do Senado corrupto e reacionário!

            – Por uma Câmara única dos trabalhadores!

            – Reforma Agrária e expropriação do agronegócio, sob controle dos trabalhadores!

            – Direito à auto-defesa dos trabalhadores em relação a ações armadas da repressão!

            – Não pagamento da Dívida Externa!

            – Pagamento justo ao Paraguai da energia de Itaipu que o Brasil utiliza!

            – Por um governo dos trabalhadores surgido e apoiado nos movimentos e organizações de luta!

 

Coordenação do Espaço Socialista, 24 de junho de 2012

 

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NÃO AO REFORMISMO E AO “CAPITALISMO VERDE”! A ALTERNATIVA É O CONTROLE DA PRODUÇÃO PELOS TRABALHADORES!!

Declaração conjunta do Coletivo Lênin e Espaço Socialista

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       Neste mês junho, acontece a Cúpula da Terra Rio+20 – oficialmente designada como Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável –, no Rio de Janeiro, Brasil. Acontece justamente vinte anos depois da primeira cúpula histórica do Rio de Janeiro, em 1992, e dez anos depois do encontro de Joanesburgo, em 2002. Este novo encontro, apesar da maquiagem de “preocupação com a natureza”, não passa de uma nova campanha a favor da ideologia do “capitalismo sustentável”, o que até hoje só fez progredir a subordinação dos Estados periféricos aos “pacotes ambientais” impostos pelo pelos países imperialistas.
Como tentativa de contraponto ao evento oficial da Rio+20, acontece também no Rio, entre os dias 15 a 23 de junho a “Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental e contra a mercantilização da vida”. Trata-se de um megaevento que pretende aglutinar todos os setores contrários ao projeto expresso na Conferência da ONU, aí incluídos partidos políticos, centrais sindicais, movimentos sociais, ONGs e outras organizações da chamada “sociedade civil”, tanto nacionais como internacionais. Um breve olhar sobre a lista de entidades brasileiras que participam da articulação da Cúpula (disponível em: http://cupuladospovos.org.br/quem-organiza-a-cupula/), tais como CUT, CNBB, Via Campesina, Jubileu Sul, etc., ou seja, componentes do que podemos denominar com muito boa vontade de “ala esquerda do governo Dilma-PT”; já é suficiente para identificar a linha política e ideológica que orienta o conjunto do evento: uma tentativa de humanizar e “ecologizar” o capitalismo.
Mas, então, se o projeto da Cúpula dos Povos também não se mostra como uma alternativa que vá à raiz dos problemas, o que tem ela em comum com a Rio + 20? Qual é seu horizonte? Quais são os limites intransponíveis tanto de uma quanto de outra?
Chegamos assim ao limites de ambos os eventos: a sua crença na capacidade de agir por dentro das instituições do Estado e de reformá-las para colocá-las a serviço das mudanças necessárias. A concepção que orienta o documento preparatório da Cúpula, por exemplo, realiza um imenso exercício de contorcionismo teórico para evitar a menção do único processo que poderia viabilizar as mudanças, ou seja, quebrar a máquina do Estado e construir novas instituições: a revolução socialista.
Primeiramente, não devemos ter ilusões de que podemos “ecologizar” o capitalismo. Uma relação racional entre homem e natureza, tal como a causa histórica da libertação da mulher no mundo e a do negro em países como o Brasil, não são integráveis à ordem burguesa. Torna-se necessário a organização de um programa que aponte para uma sociedade socialista, que não seja guiada não pelas “leis de mercado” e nem por um pretenso comitê mundial (ONU), mas pelas escolhas democráticas dos conselhos organizados pelos trabalhadores junto com os camponeses e “povos originários”.
Mas, então, do que estamos falando? Quais são as linhas gerais de uma produção que torne a relação do homem com a natureza uma relação saudável?
Mais do que simplesmente atenuar os danos causados pelo capitalismo, é preciso repensar a própria produção de mercadorias. Ao invés de produtos fabricados com o objetivo de serem trocados no mercado, precisamos de produtos fabricados com o objetivo de atender necessidades humanas. A mudança não é apenas quantitativa; ou seja: “mais bens para todos”, como promete a propaganda enganosa da publicidade capitalista, mas “os bens de que realmente necessitamos”. Isso significa que a real solução dos problemas ambientais atuais não pode ser uma realização dos sonhos de consumo do capitalismo; isto pelo simples fato de que tal realização é materialmente inviável e ambientalmente insustentável.
Uma sociedade emancipada e com um relação saudável com a natureza (que é o que todos queremos!) não poderá dar a todos os seres humanos do planeta o padrão de consumo destrutivo, por exemplo, da classe média estadunidense, porque isso simplesmente esgotaria o globo terrestre em dois tempos.
Precisamos de uma sociedade emancipada que empregue racionalmente os recursos, o que significa o contrário do desperdício irracional da abundância capitalista. É evidente que o socialismo procurará atender às necessidades materiais, extraindo recursos da natureza e transformando-a, mas o fará numa medida compatível com a capacidade do meio ambiente planetário de continuar fornecendo os recursos indispensáveis à vida da espécie humana numa escala de tempo infinita. O consumo de recursos como aço, petróleo, minérios, madeira, borracha, terras férteis, água, etc., não será feito na mesma quantidade e terá um caráter radicalmente diferente, pois não estará comprometido pelo desperdício individualista, pela poluição, etc. A própria tecnologia para manipulação dos recursos naturais, liberta das relações de propriedade burguesas e portanto muito mais avançada, tornará mais fácil o uso racional de tais recursos.
Precisamos de uma sociedade socialista que necessariamente reformule a própria definição daquilo que se consideram ‘os recursos indispensáveis à vida da espécie humana’. Isso porque precisamos desenvolver uma categoria diferente de objetos, e não mais os irracionais automóveis individuais e outras bugigangas multiplicadas irresponsavelmente pelo consumismo individualista burguês, os quais devem ser substituídos por bens e serviços de utilização coletiva. Uma sociedade socialista não vai apenas expropriar a indústria automobilística, precisará ir além e questionar o pressuposto da atividade desse ramo de produção, que é o de que cada ser humano do planeta precisa ter um automóvel. Ao invés disso, será preciso redirecionar as forças produtivas sociais para atender racionalmente as necessidades humanas, substituindo o automóvel pelo transporte coletivo. E assim sucessivamente, em todos os ramos de produção.
A substituição de mercadorias de consumo individual por bens de uso coletivo requer uma substituição também da mentalidade e da relação que os indivíduos desenvolvem com os objetos que utilizam para viver. Essa mudança da mentalidade e das relações sociais só é possível por meio de uma transformação profunda que torne os indivíduos conscientes das suas possibilidades e também das suas responsabilidades. É a essa transformação que damos o nome de revolução. E essa revolução só é possível se partir de uma base social concreta que possa realizar os valores da coletividade e da solidariedade. Não temos dúvida em afirmar que essa base social é a classe trabalhadora, com toda a sua diversidade e também com sua oposição radical à lógica do capital.
Assim, somente o controle direto da produção pelos trabalhadores é capaz de impedir o colapso ambiental. O objetivo supremo dos progressos técnicos não deve ser o crescimento infinito dos bens, mas a redução da jornada de trabalho e o aumento do tempo livre de cada ser humano.
Devemos todos dizer não ao capitalismo; dizer não ao Estado; precisamos lutar por uma produção controlada justamente por quem tudo produz: os trabalhadores!

Junho de 2012

Assinam este material:

Coletivo Lênin e Espaço Socialista

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Boletins

 

Novo Pinheirinho Santo André: não aceitaremos a desocupação!

2011- Ampliação e radicalização das lutas e rebeliões no mundo

Por que apoiar a luta dos estudantes da USP?

Nota do Espaço Socialista em repúdio à repressão aos estudantes em luta na USP

Crescem a economia e o lucro dos empresários. E como ficam os trabalhadores?

1 de Maio de 2011 – Crescimento econômico para quem?

Vida à mulher trabalhadora, por uma sociedade livre do machismo e do sexismo!

Lutar contra a homofobia e o capitalismo

Telemarketing: Trabalhadores Atento(s) à exploração

Quem é  culpado pelas enchentes? Como resolver?

Ocupação dos morros: Para acabar com o crime só com o fim do capitalismo – Dezembro 2010 

Posição do Espaço Socialista nas Eleições – Agosto 2010

Balanço do CONCLAT – Julho 2010

Balanço do Encontro Nacional de Mulheres em Luta – Julho 2010

Todo apoio às lutas: greves na USP, judiciários… – Junho 2010

Moção de Apoio aos à greve dos funcionários da USP, UNESP e UNICAMP – Maio 2010

Boletim de apoio à greve dos professores – Março 2010

Boletim Espaço Bancário

Convite O marximo como alternativa revolucionária – Março 2010

Boletim Quem é culpado pelas enchentes

Boletim em Soliedariedade a Cesare Battisti

Declaração contra a ocupação do Haiti

Boletim Congresso Nacional de Estudantes – Junho 2009

Boletim – Dia 30 de março: unidade com CUT e centrais sindicais pelegas e governistas retira caráter anti-governista dos atos

Boletim 19 – Declaração do Espaço Socialista contra os ataques a Gaza

Boletim 18 – Moção de solidariedade ao Companheiro Didi

Boletim 17 – Contra o PAC e as reformas – apresentar um projeto socialista alternativo

Boletim 16 – 8 de março – Dia internacional de luta das mulheres

Boletim 13 – Bancos lucram bilhões… e para o bancário… nada

Boletim 12 – Todos juntos na luta pelo passe livre

Boletim 11 – Todo voto é nulo

Boletim 10 – Unidade da Esquerda… só no 1º de maio?

Boletim 09 – A crise política: parte do Estado burguês

Boletim 08 – Corrupção é a marca do poder dos ricos! A luta contra a corrupção deve estar ligada à luta por um poder dos trabalhadores!

Boletim 07 – Unidade para barrar as reformas e o aumento das mensalidades

Boletim 06 – Os Limites de Uma Greve Salarial Diante das Mudanças na Educação

Boletim 04 – As demissões de professores da Fundação Santo André

Boletim 03 – ¿Qué pasa en Bolivia?

Boletim 02 – Qual deve ser o caráter do Comitê Nacional de Luta Direta

Boletim 01 – Novo partido

Convocatórias

Encontro de luta contra o desemprego e a exploração capitalista – 22 de março de 2009

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LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS DA UNIFESP!

 Na noite da quinta-feira 14 de junho a polícia militar prendeu 26 estudantes da UNIFESP (Universidade Federal de são Paulo) de Guarulhos, que realizavam um ato pacífico dentro do campus da Universidade (segue ao final relato dos acontecimentos por uma estudante que estava no local). Já no sábado anterior 43 estudantes haviam sido detidos ao serem removidos da reitoria onde estavam ocupados em protesto contra as precárias condições da universidade.

 

Mas dessa vez a repressão foi longe demais: os estudantes detidos estão sendo levados pela Polícia Federal diretamente para a penitenciária (o “cadeião” de Pinheiros), sem sequer terem fixada a fiança. Além disso, os estudantes estão sendo acusados de “formação de quadrilha”, pois alguns deles seriam reincidentes da detenção anterior.

 

Não vemos o mesmo rigor da Polícia Federal quando se trata de figuras como Carlos Cachoeira, Demóstenes Torres, Marconi Perillo, etc. Qual será a quadrilha que causa mais prejuízo ao país?

 

Os estudantes não são criminosos, são ativistas que estão em luta contra a degradação da educação universitária, nas mãos do governo Dilma. A situação da UNIFESP é calamitosa: faltam salas de aula, refeitório, laboratório, verbas, moradia estudantil, etc. Essa situação é resultado do projeto de reforma universitária (REUNI) dos governos Lula/Dilma, que retiram verbas da educação pública para entregar aos empresários da educação privada (PROUNI). Esse método é coerente com o programa geral do governo, que gasta uma porcentagem ínfima com a educação e destina praticamente metade do orçamento ao pagamento da dívida pública aos especuladores.

 

Para garantir a aplicação desse programa que beneficia os empresários, banqueiros e especuladores, o governo precisa impedir toda contestação organizada. O governo não pode fazer nenhuma concessão aos trabalhadores, porque isso comprometeria os seus planos de concentrar os gastos públicos em favor de interesses particulares. Por isso as greves e movimentos reivindicatórios têm sido tratados como caso de polícia.

 

A repressão ataca indiscriminadamente, por mais que as reivindicações sejam justas, como é o caso da atual greve dos professores, funcionários e estudantes das universidades federais. A resposta para as reivindicações tem sido o autorismo, a brutalidade policial, as prisões arbitrárias, processos judiciais e administrativos, etc. A “democracia” mostra a sua verdadeira face: a liberdade de expressão está garantida, desde que não se expresse aquilo que realmente importa.

 

Chamamos a todas entidades do movimento estudantil, sindical e popular e todas as organizações da classe trabalhadora a construir uma luta unitária pela liberdade dos presos políticos! Os estudantes da UNIFESP não podem ficar isolados e precisam de todo apoio. A repressão que ataca um setor do movimento ataca a todos! Somente através da luta unitária poderemos barrar os ataques contra os direitos e as condições de vida dos trabalhadores!

 

Liberdade para os presos políticos!


Contra a repressão aos movimentos sociais!


Pela retirada dos processos contra os estudantes perseguidos!


Pelo atendimento de todas as reivindicações dos grevistas!


Por uma universidade pública, gratuita e de qualidade a serviço dos trabalhadores!

 

Espaço Socialista

 

“Relato de aluna da UNIFESP sobre a ação policial VIOLENTA que culminou na prisão de 26 ESTUDANTES que serão encaminhados para PENITENCIARIAS em breve:

Hoje levaram mais 26 estudantes da UNIFESP pra delegacia federal, na lapa. Em menos de uma semana essa é a segunda vez que a PM entra no campus de humanas ao mando de um prof. e da reitoria pra reprimir a nossa greve que já dura mais de 80 dias.

Fui uma dos 46 estudantes detidas na semana passada por causa da ocupação da diretoria acadêmica do campus, tentaram nos calar com um termo circunstanciado, nos deram um chá de cadeira de 12 horas, passamos fome, dormimos no chão e recebemos ameaças de ficarmos presos até a audiência, mas não conseguiram.. e dessa vez agiram com MUITO mais violência..

Hoje foi feito uma assembleia intercampi e depois disso teve um ato no terminal Pimentas, perto da faculdade. Quando os alunos voltaram ao campus perceberam que o Diretor Acadêmico, Marcos Cezar, estava em sua sala e queriam explicações sobre o truculenta atitude de colocar a tropa de choque pra prender a gente semana passada, como ele não saiu, começaram a gritar palavras de ordem como: FORA MARCOS CEZAR.

Um prof., que não apoia o Movimento Estudantil chamou a polícia militar, alegando que íamos reocupar a diretoria, essa já chegou agressiva e ameaçou uma aluna que estava gritando: FORA PM DO CAMPUS, com as seguintes palavras: "Se vc gritar mais uma vez a gente vai descer a borracha". Dito e feito. A laisy gritou e 3 policias a pegaram, deram borrachadas e a colocaram dentro do camburão. Nisso começou a confusão e foi chamado mais reforços policiais, esses chegaram com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Tentaram dividir os alunos em dois grupos e sitiaram o campus, os alunos que tentaram se esconder nos fundos da faculdade foram pegos, algemados, colocados dentro de um onibus municipal e levados pra delegacia federal.

Algumas pessoas foram atingidas pelas balas.

Os que foram presos ficaram cerca de 40 minutos presos sozinhos no campus com a Polícia militar, pois tiraram algumas pessoas do campus e trancaram o portão da faculdade, quase que um cativeiro dentro de um espaço público

Estou no 1° ano da faculdade.. já fui detida junto com meus colegas do M.E da UNIFESP ,semana passada, por reivindicar que essa MERDA de REUNI seja algo melhor.

Agora meus colegas e companheiros foram agredidos, humilhados e estão na delegacia de novo. A mídia está nos abafando e ninguém nos apoia, não sei mais pra quem gritar. Como esperado, a midia burguesa não relata os verdadeiros fatos e criminaliza os estudantes.

É preciso nos manter unidos, apoiando os estudantes agredidos e denunciando a repressão. Peço para que, de forma individual ou coletiva (movimentos, entidades, instituições de direitos humanos) se solidarizem, ajudem a divulgar os fatos, precisamos de todo apoio possível, inclusive de advogados.”

 

 

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POR UMA VIDA DIGNA, LUTAMOS!

  

Há dois meses acampamos no terreno da Av. Adriático, na Ocupação Novo Pinheirinho para cobrar da Prefeitura de Santo André uma ação sobre o grave problema de falta de moradia. Na Constituição Federal e na lei orgânica do município é dever dos governos resolver. Os trabalhadores têm direito à moradia digna! Somos cerca de 1300 famílias e lutamos porque já perdemos a paciência!

Perdemos a paciência com um cadastramento e uma fila de espera sem fim! Somos trabalhadores e trabalhadoras sem-teto que cansamos de tentar comprar uma casa e não conseguirmos, por receber baixos salários e de ter que pagar aluguéis, enquanto nossos filhos se alimentam com pouco! Moramos há anos de favor na casa de parentes, ou em situação precária em favelas ou áreas de risco, porque não nos foi dada outra escolha!

Somos famílias que se encontram em locais onde não passa coleta de lixo, rede de esgoto, falta vagas nas creches, não há postos de saúde. Somos mais de 25 mil famílias sem teto na cidade de Santo André e não vamos mais ficar calados diante desse pouco caso! O terreno onde acampamos é uma Zona Especial de Interesse Social e, conforme o plano diretor da cidade é um local para a construção de, pelo menos 70% de moradias populares, de interesse social.

Ainda por cima, o dono desse terreno está há muitos anos descumprindo a Constituição Federal, o artigo 184, que diz que toda terra precisa ter uma função social. Não por acaso, os poderosos deixam de cumprir as leis quando é para punir os ricos, mas quando é para criminalizar os pobres são enérgicos. Ao reivindicarmos a construção de casas no local, estamos combatendo uma injustiça! O direito à vida digna não pode ficar abaixo do direito à propriedade!

QUEREMOS JUSTIÇA!

A Prefeitura de Santo André, o prefeito Aidan, não está cumprindo as leis do país e estamos denunciando isso junto à população assim para pedir a sensibilidade e o apoio de todos, porque acreditamos que todos querem que a justiça seja feita!

Desde o dia 2 de março quando acampamos no terreno fizemos diversas manifestações e marchas para buscarmos o diálogo com a Prefeitura.

A Prefeitura tenta atrapalhar as negociações. Diz que o proprietário da área não quer negociar a venda, enquanto isso o Aidan, acusado de corrupção, fica parado e a liminar de despejo ameaçando as famílias de novamente não terem para onde ir.

Já tentamos com o Governo Federal (Dilma) e o Estadual (Alckmin), mas se esses três não entrarem em um acordo não vamos conseguir resolver esse problema de moradia. Os programas habitacionais desses governos não são para as pessoas que têm renda de 0 a 3 salários mínimos. É como se nós não existíssemos.

Não podemos suportar que o dinheiro público, do suor dos trabalhadores, seja usado para a corrupção, para os bancos e para as empresas enquanto nós não temos nem onde morar.

A Prefeitura de Santo André, junto com Aidan, mentem e tratam com descaso quem precisa de moradia!

Vamos continuar lutando para exigir que a Prefeitura de Santo André se comprometa de fato a fazer a negociação. Nesses 120 dias de prorrogação para o despejo, não iremos descansar. Queremos uma solução definitiva.

MTST! A luta é pra valer!

COMITÊ DE APOIO E SOLIDARIEDADE

No ABC temos locais para arrecadação de alimentos, brinquedos, roupas, etc.: Em Santo André: APEOESP (Gertrudes de Lima, nº 244, Centro), São Bernardo: APEOESP (Av. Prestes Maia, nº 233, Centro; Na Ocupação: Travessa da Rua Capitanias, s/nº, Teles de Menezes).

 

Contatos MTST/ABC: Maria 8155-2983 ou Rosa 6458-0704 www.mtst.org

 

Comitê de Apoio e Solidariedade Novo Pinheirinho: APEOESP Subsede Santo André, APEOESP Subsede São Bernardo, TLS, SINTRAJUD, SinSIFES/ABC, PSOL, Organização pelo POM. Espaço Socialista.

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PELO VETO DA TOTALIDADE DO NOVO CÓDIGO FLORESTAL!

Como se esperava, o Congresso Nacional, sob liderança da bancada ruralista e com conivência dos governistas, aprovou o texto do "novo" Código Florestal. Ele é novo no nome, mas mantém as mesmas relações de produção escravocratas de centenas de anos no país, com os mais sérios ataques ao meio ambiente. 

Os rios, morros, florestas, os pequenos produtores e a agricultura familiar (que o agronegócio e os latifundiários dizem representar), os trabalhadores e trabalhadoras do campo, homens e mulheres que consumem os produtos agrícolas, estão sem proteção legal ambiental, e também ameaçados pelas profundas modificações na estrutura agrária que esse novo código significa. Todo esse esforço dos ruralistas (bisnetos dos escravocratas racistas deste país) é para ampliar a área agriculturável de produtos que o nosso povo sequer consome, mas que o mercado internacional paga com dólares.

Na mão dos capitalistas, alimento vira mercadoria, pois o que essa legislação visa aumentar é a produção dos chamados commodities, produtos todos voltados para a exportação. Outro efeito imediato dessa legislação é o aumento dos preços dos alimentos que compõem a dieta dos brasileiros, como arroz, feijão, legumes e verduras. 

A aprovação desse código  também é um recado ao capital mundial, que vai participar da Rio + 20, de que o país vai continuar servindo de plataforma de exportação e alimentar as bolsas de valores e os especuladores da fome mundial.  Esse código não serve aos trabalhadores do campo e da cidade, não serve nem aos pequenos produtores e nem a agricultura familiar, só serve ao capital agrário. 

Diante desta situação, em que já foi aprovado no Congresso Nacional o novo texto do código florestal, e sem prejuízo de outras formas de luta, temos a convicção de que é fundamental uma ampla campanha de luta para que Dilma vete a totalidade do código aprovado pelo congresso dos ruralistas.

Sabemos que o veto só pode acontecer como resultado das mobilizações, já que o PT, desde que  chegou ao governo, tem tido uma política totalmente voltada a favorecer o latifúndio e o agronegócio. Junto com essa luta, também defendemos que é necessário impulsionar um movimento unitário dos trabalhadores do campo e da cidade e de todas as suas organizações, para discutir e elaborar um plano de ação para enfrentar a direita agrária e impor sobre esse setor uma reforma agrária radical, sob controle dos trabalhadores, feita pela ação direta dos sem-terra, e não "pelo alto", através do Estado.

Para que se possa ter como prioridade produtos agrícolas (sem veneno) que satisfaçam as necessidades dos trabalhadores e não do capital. Reforma agrária sob controle dos trabalhadores! Fim do latifúndio e do agronegócio! Por uma agricultura coletiva, orgânica e ecológica voltada para as necessidades da classe trabalhadora!

 ESPAÇO SOCIALISTA E COLETIVO LÊNIN

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